O setor industrial brasileiro apresentou um avanço importante na confiança em maio, impulsionado principalmente pela melhora nas expectativas para os próximos meses. O Índice de Confiança da Indústria (ICI), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), subiu 0,9 ponto em relação ao mês anterior, alcançando 98,9 pontos, o maior patamar registrado em 2025.
Apesar do crescimento, o cenário ainda é de cautela. O Índice de Situação Atual (ISA), que avalia a percepção dos empresários sobre o presente, sofreu um recuo de 1,0 ponto, atingindo 99,1 pontos. Em contrapartida, o Índice de Expectativas (IE), responsável por medir a visão sobre o futuro, apresentou uma elevação significativa de 2,7 pontos, chegando a 98,7 pontos.
De acordo com especialistas, a elevação do ICI, mesmo diante da queda na avaliação sobre o momento atual, revela uma confiança renovada no potencial de recuperação do setor no curto prazo. O destaque positivo ficou para o componente que mede a produção esperada nos três meses seguintes, que avançou 4,2 pontos, atingindo 101,0 pontos — o maior nível desde junho de 2022. Esse dado sugere que os empresários estão mais otimistas quanto à retomada da atividade produtiva.
Por outro lado, a elevação do nível de estoques pelo segundo mês consecutivo preocupa. O indicador que mede os estoques subiu 3,1 pontos, alcançando 103,2 pontos — o maior patamar desde abril de 2024. Quando esse índice supera a marca dos 100 pontos, indica que as empresas estão operando com volumes acima do desejável, o que pode sinalizar dificuldades na absorção da produção pelo mercado e levar a ajustes no ritmo das operações.
A composição do Índice de Expectativas também foi influenciada positivamente pelos indicadores de contratação e tendência dos negócios. A intenção de contratação registrou avanço de 1,7 ponto, chegando a 99,8 pontos, enquanto a percepção sobre a tendência dos negócios subiu 1,9 ponto, atingindo 95,4 pontos. Esses resultados sugerem que, apesar das oscilações no ambiente macroeconômico, os industriais brasileiros vislumbram um cenário de recuperação e possível expansão das operações.
O economista Stéfano Pacini, do FGV Ibre, ressaltou que, embora a confiança industrial tenha alcançado a maior alta do ano, o crescimento dos estoques deve ser visto com atenção. “Esse aumento pode ser um indicativo de desaceleração na demanda ou de ajustes nas projeções de venda. É preciso acompanhar os próximos meses para verificar se o otimismo se consolidará ou se haverá necessidade de correções na produção”, alertou.
Em um ano marcado por oscilações, o desempenho da indústria brasileira em maio reforça a resiliência do setor e sua capacidade de reagir frente aos desafios. O comportamento dos estoques, contudo, será determinante para avaliar a sustentabilidade desse movimento de confiança ao longo do segundo semestre.