O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), em parceria com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural (SDR) do Governo do Amapá, realizou missão técnica no estado amapaense com o objetivo de levantar subsídios e debater a criação de um polo da Rota do Açaí no Arquipélago do Bailique, que reúne oito ilhas localizadas no delta do Rio Amazonas, a 160 quilômetros da cidade de Macapá.
Os principais objetivos da missão foram identificar as áreas de produção de açaí e as infraestruturas de beneficiamento do fruto para comercialização certificada, conhecer o sistema de produção e as condições de trabalho dos produtores, além de volume e qualidade de produção e das estratégias de mercado que vêm sendo adotada pelas associações e cooperativas para comercialização das marcas coletivas e da imagem que o açaí produzido projeta nesse território.
A equipe visitou 145 produtores das comunidades de Jangada e Arraiol, para entender melhor a situação dos trabalhadores e traçar estratégias que visam aumentar a produtividade do fruto nas ilhas, além de ampliar o mercado para outras localidades da Região Norte do País.
“Com apoio do Governo do Estado, estivemos no Arquipélago para conhecer as necessidades do território. Além disso, tivemos contato com a potência da organização em coletividade do cooperativismo local. O povo amapaense tem muita força de trabalho em conjunto, ainda não tínhamos visto isso em outros territórios”, explicou a coordenadora de Gestão de Território da Secretaria Nacional de Políticas de Desenvolvimento Regional e Territorial do MIDR, Simone Noronha.
Uma das cooperativas que poderão ser beneficiadas com o Polo do açaí na região é a Amazonbai, que atua há dez anos no estado. “É o momento de unir forças discutir e planejar a cadeia produtiva do açaí, desde a área de produção até a agroindústria. Buscar inovação, tecnologia, junto com as startups, para que, de fato, a gente transforme essa discussão em políticas públicas de desenvolvimento não só do Arquipélago do Bailique, mas de todo estuário da cadeia produtiva do açaí”, destacou o presidente da Amazonbai, Amiraldo Picanço.
A partir dos estudos realizados, a expectativa imediata é fomentar a iniciativa da cooperativa, que busca a ampliação do número de cooperados para 500 produtores associados. “Estamos trabalhando com esse horizonte de ampliação do número de beneficiários diretos, por meio da cooperativa, e indiretos por meio de ações transversais de fomento a inovação, novos equipamentos e serviços, cooperação com outros polos e entidades. Eventualmente, podemos ter um benefício direto para mais de 3 mil produtores de açaí no Amapá”, avaliou o coordenador-geral de Gestão de Território da Secretaria Nacional de Políticas de Desenvolvimento Regional e Territorial do MIDR, Vitarque Lucas Coelho.
Além do MIDR e da SDR, também participaram da visita ao arquipélago do Bailique equipes do Instituto de Extensão, Assistência e Desenvolvimento Rural (Rurap), Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia (Setec) e Organização de Cooperativas do Amapá (OCB/AP), além do deputado estadual Jesus Pontes.
A Rota do Açaí no Amapá integra o Programa Rotas de Integração Nacional. A iniciativa busca estimular o empreendedorismo, o cooperativismo e a inclusão produtiva, por meio do fortalecimento de redes de sistemas produtivos e inovativos locais, existentes ou potenciais, de forma a integrá-los a sistemas regionais, nacionais ou globais.
“As Rotas de integração Nacional são uma estratégia da Política Nacional de Desenvolvimento Regional, sob o comando do MIDR, que tem uma metodologia muito consciente. Por ter esse trabalho participativo com os entes locais, conseguimos fazer uma política pública com qualidade, ouvindo as pessoas”, avaliou Simone Noronha.
O Amapá já conta hoje com um polo da Rota do Açaí, denominado Tucuju, que inclui as cidades de Macapá, Santana, Amapá, Calçoene, Itaubal, Laranjal do Jari, Mazagão e Serra do Navio.
Atualmente, o MIDR reconhece, em todo o País, 6 polos da Rota do Açaí; 6 da Rota da Biodiversidade; 2 da Rota do Cacau; 15 da Rota do Cordeiro; 2 da Rota da Economia Circular; 5 da Rota da Fruticultura; 6 da Rota do Leite; 9 da Rota do Mel; 4 da Rota da Moda; 7 da Rota do Pescado; e 4 da Rota da Tecnologia, Informação e Comunicação (TIC).
“É importante o Governo Federal estar no território, olharmos as pessoas nos olhos, visitar as comunidades e ouvir essas pessoas e suas necessidades, para reconhecer o que realmente acontece. A política pública deve ser feita de forma participativa, com todos os atores envolvidos, para o povo”, comentou a coordenadora.
“Estamos fortalecendo a atuação das Rotas na Amazônia e no estado do Amapá. O aproveitamento dos potenciais produtivos da região está na prioridade do MIDR nesse ciclo de governo”, destacou o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.
Oficina
Após as visitas, o MIDR realizou uma oficina na sede do Sebrae Amapá voltada à criação do Polo do Açaí no Arquipélago do Bailique. Foram abordados temas como subsistemas de insumos, produção, processamento e comercialização, financiamento, capital social, regulamentação, agregação de valor, meio ambiente e infraestrutura, entre outros. Saiba mais aqui.
O evento contou com a presença de atores regionais estratégicos para a cadeia produtiva, como produtores, cooperativas, empresários, investidores, órgãos de fomento e instituições de ciência e tecnologia, além de representantes dos setores públicos federal, estadual e municipal. “As oficinas têm a intenção de agregar todos os interessados na cadeia produtiva do açaí, para pensarmos juntos projetos a partir de um diagnóstico”, explicou Simone Noronha.